ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU
A Geometria Sagrada é a relação de proporção e correspondência no Universo do ponto de vista concreto e do ponto de vista simbólico-abstrato. Do ponto de vista concreto temos a chuva que faz correspondência às lágrimas, os rios que fazem correspondência à corrente sanguínea, o brócolis que corresponde à árvore, as estrelas que fazem a correspondência emocional através da astrologia, as sete cores do arco-íris que fazem correspondência os sete chakras e às sete oitavas dos tons da música, a progressão musical que é um paralelo exato com a sequência numérica de Fibonacci. Leonardo Fibonacci foi um matemático italiano, considerado por alguns o maior matemático ocidental da Idade Média. Sua maior descoberta foi uma sequência numérica que leva o seu nome. A sequência de Fibonacci foi inventada a partir da observação da reprodução de coelhos; ela começa com o número 1 e continua somando o número em questão com o seu anterior. Assim, o segundo número na seqüência também é 1 e logo:
1
1
1+1=2
2+1=3
3+2=5
5+3=8
8+5=13
13+8=21
21+13=34
34+21=55
55+34=89
89+55=144 e assim por diante.
E esta sequência coincide também com a sequência de espirais que se formam no pólen das flores, além de coincidir com várias outras correspondências. Temos ainda a Proporção Divina representada pela letra grega PHI e que equivale a 1,618. (Este não é o mesmo pi do número irracional mais famoso da história, com o qual se representa a razão constante entre o perímetro de qualquer circunferência e o seu diâmetro e cujo valor aproximado é 3,14.) Esse PHI da Proporção Divina equivale a 1,618 e foi gerado apartir de uma busca do homem pela beleza perfeita e pela proporção ideal. Nessa busca, foi criado o retângulo de ouro no qual se dividia o lado maior pelo lado menor e a partir dessa proporção tudo era construído. Seu valor era 1,618 e este número ficou conhecido como a Proporção Divina e que também esta relacionada à sequência de Fibonacci, pois cada número dessa sequência quanto maior fosse, se dividido pelo seu anterior, iria cada vez mais se aproximar desse valor 1,618.
Retângulo de Ouro - o lado maior dividido pelo lado menor tem o valor: 1,618.
Foi desta maneira, usando a Proporção Divina, que os Egípcios fizeram as pirâmides; os gregos, o Parthenon; os ingleses, o Stonehenge; várias mesquitas do mundo árabe e muitas outras obras arquitetônicas também foram construídas usando esta mesma proporção. Posteriormente, a geometria sagrada descobriu que este número estava ligado a muitas outras proporções universais como as espirais das sementes de um girassol, a distribuição em espiral das galáxias e das estrelas em torno de um astro principal e até mesmo as proporções do corpo humano obedecem este valor de 1,618. Erik Satie, Claude Debussy e muitos outros compositores usaram a Proporção Divina e a sequência de Fibonacci em suas criações; e também pintores como Leonardo Da Vinci e Pablo Picasso entre outros. Ralph Nelson Elliott, que foi um contador americano, propôs no início do século XX que como tudo no Universo obedecia a Proporção Divina e a sequência de Fibonacci, o comportamento das pessoas em massa também iria obedecer essa norma. Estão, em um estudo que ele chamou de Elliott Wave Principle, ele explicou como o mercado financeiro também iria obedecer essa regra e como através da Proporção Divina e da sequência de Fibonacci poderiam ser previstas as alterações nas bolsas de valores. Pode-se pensar ainda na Proporção Divina numa escala espiritual. Este é um dos mistérios sobre o qual se debruçam os estudiosos das ciências ocultas.
Vesica Pisces.
Vesica Pisces é a forma geométrica gerada da interseção entre dois círculos com o mesmo raio, em que o centro de cada circunferência está sobre a outra. O círculo é por excelência o símbolo da unidade, do ponto primordial e em última instância é um símbolo divino. Dessas duas unidades que se juntam, formam um terceiro elemento. O ponto de equilíbrio entre estas duas unidades. O desenho geométrico formado pelo ponto central do Vésica Pisces é um olho humano, que simboliza o entendimento alcançado com o equilíbrio da duas forças anteriores. Esta é mais uma representação da trindade do ponto de vista da Geometria Sagrada; e também o desenho de um peixe que remete à espiritualidade e que é o símbolo de Jesus. Esta geometria simples serviu de base para a construção de muitos templos, palácios e prédios importantes dos tempos antigos além de ter sido usada por muitos pintores e escultores. Levando em conta que quando usavam esta imagem, a energia de seu significado era intensionalmente evocada. A evocação energética da imagem é um dos princípios da Geometria Sagrada.
“O Homem Vitruviano” de Leonardo Da Vinci -
Associação às dimensões do homem circunscrito em um círculo e um quadrado,
ícone do ideal do homem como a medida de todas as coisas.
Do Vesica Pisces sai outra forma geométrica fundamental. O triângulo equilátero que é símbolo da ascensão. O triângulo foi a forma geométrica que os egípcios escolheram para construir as pirâmides porque era uma forma geométrica muito estável e difícil de vir abaixo. Deste símbolo de força e também de espiritualidade, vemos que a base sustenta o topo, que todo caminho para cima necessita raízes. O espírito para se elevar é como o triângulo equilátero, tem que possuir uma base larga, de sustentação firme para que lá em cima esteja só o que é verdadeiramente importante. Do desenvolvimento do Vesica Pisces deriva-se mais uma forma geométrica. A Flor da Vida.
A Flor da Vida.
Do ponto de vista da Geometria Sagrada, a Flor da Vida é um símbolo que muito foi usado, tanto nas religiões como nas crenças pagãs. Trata-se de uma figura geométrica composta de círculos devidamente separados ou espaçamentos que são sobrepostos de forma coincidente e ordenados de maneira que reflitam, neste desenho simétrico-políptico, uma flor. Essa flor assemelha-se à forma do hexágono. O centro da cada círculo está na circunferência de seis círculos mais, que rodeiam a si mesmos, todos do mesmo diâmetro. O símbolo da Flor da Vida ultrapassa seis mil anos e ela tem a forma perfeita de proporção e harmonia. No ocultismo, ela possui um valor que mostra as formas fundamentais do tempo, do espaço, do espírito e do que transcendeu. Além disso é dela que derivam os sólidos de Platão e o símbolo da Árvore da Vida da filosofia cabalística que será visto mais adiante.
Na base de toda a criação está o movimento, a energia, que é linear. A multiplicação dessa energia linear gera o segundo movimento, o planar. E da multiplicação do planar, surge o terceiro movimento, o sólido. Para um sólido o movimento é composto de três principais direções. O primeiro movimento que é o linear, consiste no eixo. O segundo movimento que é o planar, consiste no equador. E o terceiro movimento que resulta da ação mútua do primeiro e do segundo, consiste na força centrífuga. Segundo Platão, existem apenas cinco sólidos absolutamente simétricos na natureza. Para a simetria de um sólido todas as suas faces devem ser idênticas. Os cinco são: o tetraedro de quatro faces triangulares, o cubo de seis faces quadradas, o octaedro de de oito faces triangulares, o icosaedro de vinte faces triangulares e o dodecaedro de doze faces pentagonais.
Sólidos de Platão.
E para as proporções de correspondência da Geometria Sagrada, esses sólidos de Platão remetem aos elementos. O fogo é feito de partículas na forma do tetraedro. As partículas da água tem a forma do icosaedro. O ar tem as suas partículas na forma do octaedro enquanto as partículas da terra tem a forma do cubo. O dodecaetro, que é o mais difícil de se construir, seria o quinto elemento, o padrão divino, espiritual e universal.
“Eu sou o um que se transforma em dois,
sou o dois que se transforma em quatro,
sou o quatro que se transforma em oito,
depois, sou de novo o número um.”
Tumba de Petamon, Museu do Cairo.
Piet Mondrian nasceu em 7 de março de 1872 e morreu em 1 de fevereiro de 1944. Foi um pintor alemão percussor do abstracionismo geométrico. Das vertentes do abstracionismo, esta foi uma das mais interessantes variações deste movimento considerado tendo seu início pelas mãos do pintor russo Wassily Wassilyevich Kandinsky, ainda que os primórdios da arte abstrata tenham começado muito antes, na pré-história com as pinturas feitas em cavernas. Pintar o que não é concreto automaticamente já faz uma ponte de proporção com o mundo invisível, com a espiritualidade. O abstracionismo por este fato está intimamente ligado às correspondências da geometria sagrada. Mondrian conhecia a Geometria Sagrada. E deixou isso muito claro em suas pinturas.
“Composição em Amarelo, Azul e Vermelho” de Piet Mondrian.
Observando o quadro acima, notamos que os quadrados e retângulos estão aparentemente construídos de uma maneira aleatórea. Porém se observarmos de maneira mais intensa e profunda, notaremos que eles obedecem uma regra de correspondência e equilíbrio. E o mesmo se passa com as cores. A força do vermelho, do lado direito, estabelece com o amarelo, com o azul mais amenos e com o jogo geométrico mais carregado do lado esquerdo, uma relação de uniformidade. A mesma relação de estabilidade se passa com a parte superior comparada à parte inferior do quadro. Desse modo, podemos comparar o quadro a uma representação geométrica da vida, que sob um olhar superficial parece desordenada, mas que aprofundando esse olhar podemos enxergar as camadas mais intrínsecas, inclusive as espirituais. E alcançando o âmago da observação, tudo passa a fazer sentido.
“Antes da Criação, a Geometria já existia.”
Platão
Vincent Van Gogh nasceu em 30 de março de 1853 e morreu em 29 de julho de 1890. Este artista muito pouco compreendido em sua época, também foi um pintor alemão. Van Gogh foi classificado como pós-impressionista, vendeu um único quadro em vida e morreu pobre. Sua genialidade foi reconhecida somente alguns anos após a sua morte. Em seus trabalhos podemos notar a tristeza e o saudosismo de quem tem muito a dizer mas que também sabe que suas idéias estão muito a frente de seu tempo. “Não posso evitar o fato de que meus quadros não sejam vendáveis.” Ele dizia. Em várias de suas telas pode ser observado que ele pintava o céu em espiral. Hoje sabemos que o sol de nosso sistema solar possivelmente é a oitava estrela da constelação das Plêiades e que ele tem sua órbita em espiral, girando em volta da estrela central Alcyone. Nós, seres humanos, que carregamos a carga genética de nosso DNA que também obedece o movimento espiralado, olhamos para o céu de Van Gogh e podemos sentir a nostalgia de nos vermos por dentro e por fora ao mesmo tempo, e aqui de novo vemos a Proporção Divina. Nessa relação de proporção que nos oferece a Geometria Sagrada, mostrando-nos que tudo que se passa no céu tem o seu correspondente na Terra, podemos observar que nós somos um reflexo do Universo, infinitos tanto pra fora quanto para dentro. Barbara Hand Clow, em seu livro “The Pleiadian Agenda” afirma que Van Gogh não só compreendia muito bem as proporções da Geometria Sagrada, como também conhecia as estrelas deste sistema Plêiades, podendo inclusive ter em seu registro espiritual a lembrança de já haver passado por elas em algum momento.
“Céu Estrelado”de Van Gogh
Constelação das Plêiades
Cadeia de DNA
Deste modo o céu de Van Gogh, por um lado nos remete a nós mesmos, ao nosso DNA, à nossa essência mais primordial. E por outro nos atrai para este sistema de estrelas maior do qual possivelmente também façamos parte; porque embora muitas pessoas não tenham o conhecimento astronômico; do mesmo modo que uma imagem simbólica de Deus, que carrega a carga energética desse ponto central do Universo nos atrai para ela, a imagem do céu em espiral irá nos atrair para as estrelas desta constelação uma vez que a energia delas está evocada no quadro. Ainda que a nossa mente do corpo físico não se lembre de quem somos e de onde viemos, a nossa mente espiritual se lembra. E reconhece. E Van Gogh sabia disso? Provavelmente sim.
Encerro com a imagem de Gala pintada por Salvador Dali que mostra a integração do homem ao movimento espiralado do universo e a sua relação com a Geometria Sagrada.
Gala de Esferas por Salvador Dali