top of page

DEUS E OS NÚMEROS

"Deus é a perfeição da esfera;

cujo ponto central está em todos os lugares,

e a circunferência não está em lugar nenhum."

Hermes Trimegistus, o pai da Astrologia.

Deus é um, Deus é dois e Deus é três. Deus também é múltiplo. Pitágoras, que foi um grande gênio da matemática e também um grande místico, dizia que a unidade está na multiplicidade e vice-versa. No centro de sua ciência, Pitágoras dizia que todas as relações poderiam ser reduzidas à associações numéricas e que todas as coisas eram de fato números. Para ele, o número um é o número da unidade absoluta, do imutável que deu origem a todos os outros números; Um é o símbolo da mente universal e da sabedoria.


O número dois representa a dualidade e a polaridade, é o estado da tensão primordial. Num conceito metafísico de opostos irreconciliáveis, o número dois evoca o conceito do bem e do mal, da luz e da escuridão, do princípio e do fim e de todos os outros opostos. Opostos que são distintos, mas que se atraem. Porque eles são a mesma energia em graus inversos, apenas as suas direções são contrárias. Assim sendo, a dualidade também é uma representação da unidade.


O número três é o equilíbrio entres as forças do número um e do número dois, é o princípio reconciliatório de forças opostas e ele remete novamente à unidade do número um. Neste conceito de unidade, Deus é a energia que sustenta o Universo, ele é o número um de Pitágoras. Aquele ponto de força magnética, a luz que se localiza exatamente no centro do Universo e que puxa para si todas as galáxias e todas as suas estrelas.


Desse modo, como tudo converge para esse ponto central, tanto as estrelas quanto os seres humanos e quaisquer outros seres que pudessem existir, fatalmente teriam que sentir dentro de si essa força magnética os atraindo para este ponto central, para este número um que deu origem a todos os outros números. Porém, como estamos falando de energia, a visualização facilita tanto o entendimento quanto a ligação com essa força magnética. Por isso criou-se esse conceito de Deus à imagem e semelhança do homem. Para que esta forma pudesse aproximar ainda mais as pessoas dessa energia grandiosa. E cada vez que se pensasse nesta forma, se estaria evocando tanto o conceito desejado quanto a energia ligada a ele. Convencionou-se depois que esta imagem seria um velhinho sentado num trono de ouro. Um velhinho porque o velho remete à sabedoria e o trono remete ao rei, ao que tem poder e deve ser obedecido. Além disso, para a maioria das pessoas é cômodo ter alguém que lhes diga o que fazer. Como essa comodidade é atraente, isso facilitou aos povos antigos o entendimento e a aceitação deste conceito da energia central do universo que hoje se pode compreender facilmente, mas que nos tempos antigos seria impossível. No que compete à dualidade, Deus é o princípio e o fim, contudo é considerado apenas o polo positivo do conceito do bem e do mal. Na realidade a energia é única, apenas os polos é que são opostos. Mas para uma questão de melhor aceitação, foi estabelecido que Deus representa só o bem, só o polo positivo desta energia, então para representar a face escura desta energia cria-se a figura oposta a Deus que vive no subterrâneo.


No conceito da trindade, temos Deus ligado à energia do ciclo da vida, pois tudo tem um começo, um meio e um fim. E neste caso o meio que equilibra as forças do princípio e do fim. Assim vemos que tudo tem uma energia criadora, que depois se organiza e logo em seguida se dissemina. E aqui temos vários exemplos de como essa trindade foi representada em várias culturas remetendo a este conceito de criação, organização e disseminação.


O primeiro deles e o mais conhecido é: PAI (a energia criadora) FILHO (a energia organizadora / a que estabelece a ordem do pai) ESPIRITO SANTO (a energia disseminadora que por um lado termina e por outro abre-se para algo ainda maior). Na cultura indiana temos esse mesmo conceito de representação nas figuras de BRAHMA, VISHNU e SHIVA, as três faces de Deus representando as três energias do ciclo da vida. Brahma sendo a energia criadora, Vishnu a energia organizadora e Shiva a energia disseminadora. Na astrologia também podemos observar a representação desta energia através dos conceitos de CARDINAL, FIXO e MUTÁVEL.


O zodíaco possui doze signos divididos em doze meses. Temos quatro estações do ano e portanto três signos para cada estação. Aqui o ciclo da vida é representado por uma estação que nasce no signo cardinal, estabelece-se no signo fixo, e dissemina-se no signo mutável. Então temos a primavera nascendo em áries (cardinal), estabelecendo-se em touro (fixo) e disseminando-se em gêmeos (mutável). O verão nascendo em cancer (cardinal), estabelecendo-se em leão (fixo) e disseminando-se em virgem (mutável). O outono nascendo em libra (cardinal), estabelecendo-se em escorpião (fixo) e disseminando-se em sagitário (mutável). E o inverno nascendo em capricórnio (cardinal), estabelecendo-se em aquário (fixo) e disseminando-se em peixes (mutável). Assim as estações do ano e os signos, também carregam em si essa energia cíclica da vida. Outro exemplo dessa energia encontra-se na alquimia sendo representada por SAL, MERCÚRIO e ÁCIDO SULFÚRICO, pois esses três elementos carregam em si, nessa ordem, a mesma energia do cíclica das outras correspondências já citadas. Mediando entre o sal (passado concreto que representa a memória e o imutável) e o ácido sulfúrico (futuro abstrato que representa as aspirações, intensões e metas), o mercúrio representa as variações do momento presente. O mercúrio no centro também representa a habilidade de mudança das orientações internas e externas da existência. Ainda podemos falar de CLOTO, LÁQUESIS e ÁRTROPOS da mitologia grega. Essas três senhoras sábias são conhecidas como “As Moiras” ou “As Parcas”. Elas são as tecelãs do fio da vida e do destino. Cloto tece o fio, Láquesis dá os nós, direciona e estabelece a ordem dos fatos e Ártropos corta o fio. Na Mitologia Nórdica estas mesmas três tecelãs do Destino são conhecidas como as “Nornas” e temos URD como a guardiã do Passado, VERDANDI vigiando o Presente e SKULD ou SKALD guardando o Futuro. Ainda na mitologia grega temos CORI, PERSEFONE e HÉCATE, as três faces da senhora do inferno, esposa de Hades e que também corresponde às três fases da lua que podem ser vistas. Cori (a jovem, a lua crescente), Perséfone (a mulher, a lua cheia) e Hécate (a velha, a lua minguante). E a lua nova, a que não vemos, está ligada ao que acontece depois que encerra o ciclo. A lua nova está ligada à ascenção e tratarei disto em um outro ensaio. E no que diz respeito ao ser humano, a energia divina da trindade e do ciclo vital remete-se ao AMOR, à SABEDORIA e a VERDADE. Energia que nasce no amor, estabelece-se e põe ordem com a sabedoria e fecha o ciclo com a verdade. Na Filosofia Chinesa temos “Os Quatro Pilares do Destino” remetendo aos quatro elementos, às quatro estações e à quintessência (o éter / a ascenção). Visto que a quadruplicidade e a quintuplicidade também remetem a Deus e ao número 1. Dentro desta Filosofica retomamos dentro da quintuplicidade a trindade e este princípio de criação, organização e disseminação.


Os Quatro Pilares remetem aos Cinco Elementos. Madeira: que produz Fogo, controla Terra e reduz Água; o Fogo: que produz Terra, controla Metal e reduz Madeira; a Terra: que produz Metal, controla Água e reduz Fogo; o Metal: que produz Água, controla Madeira e reduz Terra; e a Água que produz Madeira, controla Fogo e reduz Metal. Estes são alguns dos vários exemplos que podem ser dados da representação da energia de princípio meio e fim e de Deus como multiplicidade numérica.


E para finalizar, outro conceito de Deus múltiplo irá aparecer nas energias da natureza. Um deus representando a energia do mar, outro a energia da terra, outro das árvores, outro das folhas, outro da chuva, outro dos rios, outro do trovão, outro das pedras e assim por diante. Como Deus é energia, ele está em tudo e pode ser representado de várias maneiras, de forma única ou múltipla como já vimos no conceito pitagórico. E cada uma dessas formas físicas ou míticas de representá-lo irão trazer sua energia consigo quando forem evocadas. Como as pessoas são diferentes, possuem gostos diferentes e têm o livre arbítrio, podem se sentir atraídas por qualquer uma dessas maneiras de representar Deus e todas elas estarão apontando o caminho correto porque “Ele” é a força primordial, é o número 1 de Pitágoras que está em todos os lugares, de uma maneira ou de outra. De três maneiras inteligadas. Ou ainda, de várias maneiras sobrepostas.

  • Facebook Black Round
  • Google+ Black Round
  • Tumblr Black Round
bottom of page