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Porque o TAROT é o mais afrodisíaco dos oráculos

Afrodite, deusa da beleza e do amor, nasceu das espumas do mar. Foi aceita no Olimpo como filha de Zeus e esposa de Hefestos porém a energia que ela representa é muito mais antiga remetendo à Isis, à Ishtar e a divindades de civilizações ainda muito mais antigas. E esta aura de mistério que envolve seu surgimento é parte de sua sedução.

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Nascimento de Afrodite

Pintada por Sandro Botticelli entre os anos de 1484–86


Com o tarot acontece a mesma coisa. Enquanto "registros oficiais" mostram que ele surgiu na Europa medieval, histórias contam que ele teria vindo tempo dos faraós do Egito Antigo, de Atlântida ou até mesmo de outras civilizações ainda mais remotas. E este mistério - assim como o aparecimento da deusa Afrodite - é parte de sua sedução.




Baralho Árabe Mameluco. Datado do século XV.

Os primórdios do que viria a ser o tarot que conhecemos hoje.

O início da história dos baralhos na Europa Ocidental está relacionado à invasão do norte da África, Espanha e Sicília pelas forças islâmicas durante o sultanato mameluco do Egito, que terminou em 1517. Isso coincidiu com o Reino Nasrida de Granada na Andaluzia (séculos 13 a 15), a última fortaleza islâmica na Península Ibérica. A Espanha foi o ponto de contato com o mundo árabe, onde ocorreram interações culturais, militares e comerciais. O jogo de cartas se estabeleceu na maioria dos países da Europa Ocidental em cerca de 1375, e estava sendo banido pelas autoridades pouco tempo depois, o que sugere sua rápida popularidade.



O tarot foi muito usado em torneios nos castelos da Itália renascentista. Pintores famosos recebiam encomendas dos ducados para produzirem peças únicas que eram verdadeiras obras de arte prensadas em ouro e pintadas a mão. As regras destes torneios e como estas cartas eram usadas pela a nobreza da época são informações que infelizmente se perderam. Porém ficou no ar a especulação tanto de como funcionavam estes jogos bem como ele chegou à parte divinatória. Se já havia a parte divinatória na Europa renascentista ou ela apareceu depois é um mistério.



Esta é a aura que envolve o tarot. O mistério e a especulação, tanto de suas origens primordiais quanto do seu uso na Europa renascentista. E aparte de suas funções divinatórias como conhecemos hoje, ainda está implícito em suas raizes a disputa, o jogo e o vício.



O mais antigo tarot de Marseille

Pintado por Jean Noblet em Paris 1659

O tarot é um jogo que possui uma estrutura extremamente complexa com referências numerológicas, astrológicas, alquímicas e cabalistas. Os 22 Arcanos Maiores ainda estão associados ao alfabeto hebraico mágico, tema este que já possuia uma posição tão central no esoterismo europeu dos séculos XVIII e XIX que os textos tratando este assunto foram os primeiros que despontaram. Em contraste, os Arcanos Menores possuem uma função muito mais ambígua e complexa em suas implicações. As referências esotéricas feitas pelos números de um a dez são repetidas em quatro elementos, que depois são personificados em quatro membros da realeza. O resultado é um tabuleiro de xadrez gigante de valores que flutuam através das artes esotéricas quase como uma recombinação do DNA.


No começo do século XX Jung ainda associou os Arcanos Maiores com o reino dos arquétipos o que daria aos Arcanos Menores a conotação de influências misturadas que se filtrariam através desses arquétipos no mundo concreto manifestado.



O tarot é portanto um jogo mágico envolto em mistério, repleto de analogias ocultistas que carrega em si o retrato luxuoso de uma arte requintada e os costumes de uma época literalmente de ouro.


O TAROT INSPIRANDO A LITERATURA

Por se tratar de um jogo capaz de trazer a tona o âmago das aflições humanas e de transcender para onde o olhar trivial não mais pode enchergar, muitos escritores sensíveis que estavam em busca de respostas, olharam para este baralho com muita seriedade e envolvimento. Alguns tiveram contato direto com o jogo e outros usaram como ponte os bruxos de sua época.


Dario Fo, (Nobel de Literatura 1997) escritor, dramaturgo e comediante, pintou seu próprio tarot inspirado por seu filho tarólogo Jacopo Fo (que também é escritor).

Frederico Garcia Lorca era amigo de Salvador Dali que também pintou um tarot.

Victor Hugo provavelmente foi amigo do mago ocultista Eliphas Levi e estudos apontam que para escrever suas obras FIN DE SATAN e DIEU, Victor Hugo inspirou-se na obra de Levi. Pesquisas apontam que Victor Hugo também foi amigo do mago francês Edmund, criador do Oráculo de Belline, e que provavelmente teve auxílio de um jogo de tarot para escrever seu livro OS MISERÁVEIS.


Escritores como Italo Calvino, Milorad Pavić, Charles Williams deixaram em suas obras escritos preciosos falando sobre o tarot.


O mago Aleister Crowley foi amigo do poeta português Fernando Pessoa que o ajudou a forjar sua própria morte para fugir de um romance conturbado em 1930. Pessoa confirmou o caso do suicídio à polícia portuguesa e depois trocou cartas com Crowley quando este chegou à Alemanha.



Foto não confirmada como autêntica

de Aleister Crowley e Fernando Pessoa

Boca do Inferno em Cascais Portugal.

Local onde Aleister Crowley forjou seu suicídio.

Detalhe da placa feita no local onde Crowley forjou seu suicídio

com os dizeres encontrados no bilhete que deixou .

Consta que Fernando Pessoa tinha interesses ocultistas como pode ser observado em sua obra NA FLORESTA DO ALHEAMENTO entre outras.



Tarot Italiano Visconti Sforza, século XV



Mistério, misticismo, especulação, arquétipo, símbolo, disputa, jogo, vício, luxúria, arte renascentista. O retrato de uma época, o espelho do universo, das pessoas, das relações e das dores humanas. Assim é o tarot. A transcendência que nasceu das espumas do mar para estender a mão às pessoas em sua trajetória terrena . O tarot é o amor e a beleza, é a Afrodite de todos os jogos.

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